Pesquisas na web se tornam mais relevantes com ajuda de redes sociais
Por Thiago Terra
A internet não é só uma eficiente ferramenta para atingir o consumidor. Cada vez mais empresas buscam saber sobre as preferências do seu cliente usando a web e as redes sociais. Especialistas opinam sobre o fato de que os sites e perfis no ambiente on-line impulsionaram as estratégias de CRM por conta do número de detalhes sobre tendências, necessidades, gastos e interesses dos consumidores.
Um dos diferenciais da internet como forma de estudar o consumidor é que neste ambiente as marcas podem capturar dados com a dinâmica do dia a dia. Antes deste modelo, saber mais sobre os clientes se resumia a um cadastro que, em pouco tempo, se tornava desatualizado. E Pior: a falta de conhecimento relevante sobre o dia a dia do consumidor refletia em um modelo de relacionamento defasado.
A migração do estudo do comportamento para a internet é visto por Cristiano Denker, líder da Accenture Interactive no Brasil, como uma troca para um ambiente vivo, atualizado e rico, onde todos os elementos de uma marca podem ser usados. “O desafio é como extrair inteligência desses dados e construir a consciência analítica sobre os consumidores”, afirma Denker, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Eficiência e custo
A vantagem da Netnografia sobre os modelos de pesquisa tradicional, feita em grupos, é a facilidade de se comunicar com vídeos e fotos sobre produtos. O baixo custo também é parte das vantagens. Principalmente quando há necessidade de pesquisar em diferentes estados. Painéis digitais, MSN, Facebook e Orkut ganham importância para quem quer mais do que saber quem compra seu produto.
As ferramentas mais usadas para falar com internautas das classes C e D é o Orkut. Já o Facebook facilita o contato com os consumidores de classes A e B. “É uma forma complementar ao método tradicional, que não pode ser substituído. O cara a cara ainda é fundamental dependendo do tipo de estudo”, diz Betty Wainstock, Diretora de Pesquisa de Marketing da Idéia Consumer Insights, em entrevista ao portal.
“O modelo digital de pesquisa sobre comportamento consegue ser mais eficiente que as pesquisas tradicionais no que se refere à coleta de dados”, aponta Denker, da Accenture Interactive. “O atual modelo resolve os problemas dos tradicionais, que é baseado em um histórico do passado, com visão parcial do cliente e não dele em seu universo”, emenda.
Riscos e privacidade
Os perigos caminham junto com as oportunidades também na Netnografia. “Caso a leitura dos dados seja equivocada, o risco de fracasso é grande principalmente por conta dos internautas que apenas replicam informações postadas por seus influenciadores”, explica Ricardo de Castro, Diretor de Planejamento e Inteligência Digital da Ideia Consumer Insights, ao site.
A privacidade tem sido outra preocupação devido ao crescente sequestro de identidade on-line. De acordo com Paul Dunay, Diretor Global de Gestão de Serviços e Marketing Social da Avaya, a privacidade é diferente para cada pessoa. Para o especialista, para uma empresa que executa um anúncio no Facebook por 30 dias, com um mínimo de investimento é possível compilar a personalidade do comprador perfeito.
Isto significa obter informações sobre os filmes, programas de TV, livros e músicas favoritas, inclusive a idade e o estado civil de cada internauta. A eficiência e a relevância da web para o estudo do comportamento, ajuda até a detectar crises de marca. Após monitorar possíveis problemas de uma marca de produtos alimentícios, não percebidos na pesquisa off-line, a Ideia Consumer Insight encontrou formadores de opinião iniciando o movimento negativo para a marca. “Detectamos uma possível crise já que alguns internautas replicaram as opiniões negativas dos formadores sobre a empresa”, conta Betty, que preferiu não mencionar o nome da marca.
Crise X Oportunidade
Por outro lado, os benefícios também podem ser encontrados, basta um olhar diferente. “Assim como detectar crises, as redes sociais podem se transformar em oportunidade. Este rastro deixado pelo internauta é importante até para as agências”, salienta Ricardo de Castro. Em outro momento, a Ideia Consumer Insights soube explorar o que os seguidores de uma empresa de vestuário gostariam de comprar. “A marca lançou uma coleção com base em sugestões dadas pelos seus consumidores no ambiente virtual”, complementa Betty.
As informações não são analisadas de forma intuitiva. “É diferente do CRM tradicional, que considera um comportamento igual para diferentes pessoas. Pelo dinamismo deste modelo de pesquisa, um grupo de pessoas com características diferentes participam de testes contínuos de ofertas de produtos para saber como se comportam. É necessário fazer constantes testes com parte do público”, ensina Denker.
A internet está se tornando multicanal e as empresas têm que reconhecer isso. “As companhias que souberem explorar esse poder de influência e a proximidade com o consumidor serão as empresas do futuro”, acredita o líder da Accenture Interactive no Brasil. “Estamos saindo de um Marketing como centro de custo para o centro de lucro”, completa Paul Dunay.
Fonte: Mundo do Marketing
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